sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

“Descobri uma coisa inédita. Digo, encontrei-a somente agora. Depois de viver lentamente tantos longos dias terríveis e longos, enfim, eu encontrei. Ninguém me contou, ninguém ouviu ninguém contando a outra pessoa. Eu achei sozinha. Isso é o que melhor tenho a dizer: não foi na TV, na rádio ou no outdoor da avenida, foi em mim. Aqui dentro, dentro do mais dentro que eu nem sabia que existia, estava a tão-preciosa-coisa-que-curou-todos-os-meus-males. Acho que tudo era uma questão de tempo, de amadurecimento ou coisa do gênero. Vai ver a dor nem era tão grande e catastrófica assim. Talvez o tempo - que aparentemente nunca resolve nada - consegue amenizar algumas feridas expostas. Eu pensava que a minha vida estava pré-destinada a ser pra sempre em preto e branco. Até que um dia ela ficou inteirinha rosa, depois inteirinha azul, verde, amarelo, lilás e laranja. Hoje eu enxergo todas as cores existentes - assim como as inexistentes também. O mundo gira e a gente percebe, aos poucos, que tudo se trata do ponto de vista. Não adiantava eu passar vinte e três horas do meu dia enterrada na cama com cinco lençóis, a janela fechada e, principalmente, com o coração fechado. Encarar o espelho, as pessoas à minha volta e a vida em si de maneira pessimista não me levaria a nada. Um belo dia - magnífico, melhor dizendo - eu me dei conta de que a vida era muito pra eu me limitar às quatro paredes do meu quarto. Descobri isso quando descobri aquela coisa inédita. Essa coisa era que eu podia morrer de tudo, menos de amor.”

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